Capital, Março de 17

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Nem pensar-te.

Não te devería escrever ou tão pouco recordar-te, atormentaste-me a noite, a voz, sempre a tua voz no sussurro do canto do quarto ou no canto de mim, todos os recantos que tão bem conheces e ainda as lágrimas que inundaram a nossa cama no dilúvio da tua perda, os gritos e as mãos a fugirem, dedos que arranham o pesadelo de te saber que afinal - eu sabia-o! - afinal só sonhei!Porque me fazes isto? Porque chegas em pó de nuvem e te vais na salga do choro que desespero quando acordo e te sei longe e que no fundo nunca mais voltarás?!

Sabes, há agora um silêncio tão fundo que me crava como um punhal, aquela dor quente e que arde e até parece que nem dói... só quando se puxa o cabo e a lâmina espelhada tinge carmins de paixão...Sonhei contigo sim, não tenho vergonha de o confessar! Mas não te desejei, apenas te odiei por não me quereres.

E para veres que estou bem, tão bem e nem te penso, beijo-te.

Não, mordo-te a boca.



(Março/2008)

1 comentário:

o Reverso disse...

pois, pode ter sido amor (o que é isso de amor), mas amor já não é.



despeito?